Somos obrigados a ser felizes nas redes sociais?

Em uma época onde a gestão do “eu” torna-se tão importante como a de um produto competitivo, apresentar-se como uma pessoa dinâmica, feliz, de bem com a vida, é como gerenciar uma marca. 

Cada indivíduo se torna seu próprio publicitário, seu gerente de marketing e seu assessor de comunicação. Com funções acumuladas e uma responsabilidade imensa, as pessoas partem para as “redes sociais” tentando buscar seu espaço na sociedade. (FREIRE FILHO, J. (Org). (2010).

Independente de idade, gênero, classe social, profissão, situação familiar, afetiva, as regras do viver bem devem ser seguidas à risca. Entenda “viver bem” como “ser feliz”. Nesse sentido, é preciso evitar o que Gisela G. S. Castro, professora de pós- graduação da ESPM, chama de pecados imperdoáveis, como excesso de peso, sinais de envelhecimento, fadiga, fraqueza, insegurança, tédio, ou outros tipos de padecimento que podem nos apresentar como seres, demasiadamente humanos. (FREIRE FILHO, J. (Org). (2010).

A espetacularização da pobreza, da violência, dos desastres, pode trazer algum tipo de conforto para o cidadão que se coloca em uma situação passiva perante o inevitável, o trágico, o amargo, transformando assim sua própria experiência de vida mais suportável, ou até feliz. Em contrapartida, a superexposição de histórias felizes e pessoas de sucesso nas redes, pode trazer parâmetros comparativos destoantes a aqueles que consideram levar uma vida comum, sendo assim motivo de tristeza e ânsia por melhores condições reais ou imaginárias.

A geração atual de jovens vive esse dilema, estar nas redes sociais é uma busca constante da felicidade aparente, para estar em consonância com seus amigos e conhecidos, uma competição para ser o melhor. Ou então, correr o risco de ser um peixe fora d´água, ou um perfil a não ser seguido.

A chegada das festas de final de ano podem ser um bom motivo para repensarmos nossa vida online. Talvez seja o momento de experimentarmos uma desconexão. Desligar o celular, aproveitar o convívio com as pessoas próximas, sentir o momento, viver o hoje. Pensar que nem todas as fotos boas precisam estar na web, nem todas as ruins precisam ser excluídas. Ninguém tem a obrigação ser feliz o tempo todo, mas a vida é o que acontece enquanto estamos em busca dela.