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Amnésia digital na era “Google”.

amnesia digital

A facilidade de encontrar informações em qualquer lugar a qualquer hora está impactando na capacidade da memória humana, os impactos na educação e no mercado de trabalho já começam a aparecer.

“Quando perguntavam a Albert Einstein porque ele não lembrava o número do próprio telefone ele dizia: para quê? se posso encontrá-lo na lista telefônica a hora que precisar”. 

Eu vi essa frase várias vezes e confesso que me identifiquei bastante com ela, afinal, por que guardar na memória algo que podemos ter acesso de forma rápida? Sempre acreditei que deixar a cabeça tranquila de compromissos e informações pouco relevantes poderia melhorar a capacidade criativa e produtiva, porém Einsten na época, abria a gaveta e pegava a lista telefônica, mas se TODAS as informações estiverem na palma da nossa mão o tempo todo?

Utilizar recursos externos para não precisar lembrar de todos os detalhes não é algo novo, quando um executivo delega para a secretária sua agenda e compromissos do dia a dia está justamente deixando sua cabeça livre para pensar em outras coisas. Mas acontece que as pessoas estão delegando para os aplicativos celulares e para o Google toda a função de armazenar suas  informações e os impactos já começam a aparecer na educação.

Estudos científicos chamam esse fenômeno de “amnésia digital” ou “efeito Google”, na internet bastam poucos cliques para encontrarmos textos dentro de um livro sem que a nossa memória precise lembrar do livro ou do autor. Essas informações ficam na memória temporária, durante o estudo ou trabalho, em seguida são descartadas.

“É o que mostra uma pesquisa recente conduzida pela empresa de segurança digital Kaspersky, realizada com 6 mil pessoas em países da União Europeia. Ao receberem uma questão, 57% dos entrevistados tentam sugerir uma resposta sozinhos, mas 36% usam a internet para elaborar sua resposta. Além disso, 24% de todos os entrevistados admitiram esquecer a informação logo após utilizá-la para responder a pergunta – o que gerou o termo ‘amnésia digital’.” (Estadão. Link, 06 de maio de 2016)

Paulo Bertolucci, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), interpreta esse conceito como incorreto. “Amnésia significa esquecer-se de algo: na ‘amnésia digital’, a pessoa no entanto não chega nem a aprender, e portanto não consegue esquecer algo que escolheu nem se lembrar.” (Estadão. Link, 06 de maio de 2016)

Amnesia
Imagem lindíssima da https://www.flickr.com/photos/natvonsky/

Criam-se então, crianças capazes de encontrar informações rapidamente nas salas de aula, mas não se tornam capazes de criar conhecimento aprofundado sobre os assuntos ou matérias. É difícil encontrar um adolescente que reconheça a importância de um estudo aprofundado e  de armazenar as informações na cabeça. A informação virou um commodity que pode ser encontrado em qualquer lugar. As escolas precisam trabalhar em aulas as questões que envolvem desafios de aprendizagem, é preciso colocar os alunos para resolver problemas, caso contrário as questões respondidas nos testes serão esquecidas logo em seguida.

No mundo corporativo, o “efeito Google’ também já apresenta problemas, os profissionais estão se tornando mais mecânicos, limitados ao conhecimento que a tecnologia lhes proporciona de forma imediata, mas vale lembrar que buscar informações no Google implica em alta chance de erro. Os jovens profissionais chegam ao mercado com grande capacidade técnica para lidar com a tecnologia e com a busca de informações porém, tem dificuldades no momento  de tomar as decisões mais complexas, que exigem profundidade de interpretação e resolução.

“Hoje, em um processo seletivo, o candidato que tiver profundidade vai se destacar na multidão”, explica Maria Cândida de Azevedo, diretora da consultoria em carreira da People & Results. (Estadão. Link, 06 de maio de 2016).

A solução para evitar esses problemas é ressaltar um maior interesse pela informação, através de preparar resumos, elaborar textos sobre o tema, e de fato, se engajar com as matérias. Muito importante é a dedicação e disponibilidade para leitura de livros completos sobre os assuntos, para , desse modo,  criar uma base mais profunda de forma que  permita fazer associações e resolver problemas. Os cientistas dizem que ler e jogar xadrez são ótimas formas de exercitar a memória.



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