Manifestações

As redes sociais influenciam as manifestações?

Em tempo de enorme crise econômica no Brasil, esmagamento da economia e regressão do país, as manifestações explodem nas ruas. Gritos, cantos, brados, rezas, declarações de indignação de um povo que há muito perdeu seus heróis, perdeu a representação de seus governantes, abandonado pelos jogos de poder, dinheiro e corrupção. As manifestações vão além dos milhares de brasileiros que estavam no Masp na Avenida Paulista, estão nas telas, nas redes, nas esquinas, nas praças, nos bares em todo o país.

Segundo dados da revista Época em infográfico, em 20 de junho de 2013 foram 1.2 milhões de pessoas nas ruas para protestar, em 15 de março de 2015 foram mais de 2.2 milhões de manifestantes em 22 estados do País sendo mais de 1 milhão somente no estado de São Paulo. Neste domingo dia 13 de março de 2016, segundo a mesma revista Época, a estimativa foi de 2.5 milhões de pessoas. Mesmo considerando os números da PM, 1.4 milhões ou do Datafolha, com 500 mil pessoas, todos os números mostram que foi a maior manifestação de rua no Brasil.

Além das pessoas nas ruas, as manifestações pró e contra governo se intensificaram nas redes sociais, ganhando intensas disputas e discussões. É verdade que muitas vezes a discussão perde a linha da razoabilidade e acaba em agressões verbais ou físicas. Mas por outro lado, em sua maioria, os brasileiros estão tentando entender o melhor caminho para levar o país para frente, cada um com sua visão do que é melhor para a sociedade. A grande vantagem é que o Brasil está começando a se tornar um país mais politizado, participativo. A visibilidade gerada pelos protestos em rede podem despertar para o tema muitas famílias e pessoas que não participavam dos temas políticos que refletem diretamente em suas vidas.

“as modalidades de ação e intervenção de atores e movimentos sociais na sociedade passam, portanto, a constituir-se cada vez mais tensionadas pela exigência de um tipo de visibilidade pública atribuída pela lógica dos meios de comunicação ao mesmo tempo em que também esses atores e movimentos se apropriam e reelaboram tais lógicas, transformando a esfera das mídias em um espaço simbólico de conflitos, disputas e negociações e que se encontra, portanto, submetido permanentemente às tensões contraditórias dos interesses que circulam na sociedade. (COGO, Denise. Mídias, identidades culturais e cidadania: sobre cenários e políticas de visibilidade midiática dos movimentos sociais. 2005, p.43)”

É inegável a importância da redes sociais para as manifestações, a mídiatização aparece como forte fator do campo político, a visibilidade das lutas na mídia arrasta multidões para um lado ou para o outro na discussão política. Mas também me parece que a força motora que impulsiona as pessoas às ruas é a condição econônica e social da população e não as redes sociais. Nas outras manifestações que tiveram grande número de pessoas nas ruas ainda não existiam essas redes, portanto, não podemos atribuir diretamente o aumento do clamor público com a utilização da tecnologia. Um estudo da primevera árabe (é o nome dado à onda de protestos, revoltas e revoluções populares contra governos do mundo árabe que eclodiu em 2011) concluiu que as redes sociais foram utilizadas como ferramentas para a revolução, mas não foram o motivo dela, tão pouco o principal fator. Eu escrevi sobre esse estudo no artigo “O Meio e não o fim“.

O crescimento da participação das pessoas nas manifestações das ruas, assim como nas redes sociais ainda é modesto comparado ao tamanho da população brasileira. Ao avaliarmos os números podemos ver que em um país de mais de 200 milhões de habitantes, a discussão ainda está concentrada em pequena parcela da sociedade que discute os rumos do país.

https://www.facebook.com/VemPraRuaBrasil.org/ (982.692 mil participantes)

MVPR

https://www.facebook.com/mblivre (457.055 mil participantes)

MBL

https://www.facebook.com/passelivresp (339.429 participantes)

movimento passe livre

https://www.facebook.com/pt.brasil (999.141 participantes)

Facebook Partido dos trabalhadores

https://www.facebook.com/uneoficial (189.578 participantes)

Facebook UNE

https://www.facebook.com/cutbrasil (37.818 participantes)

Facebook CUT

Muitos não ligam, não gostam e não dão atenção para a política, mas como ouvi por aí: “O problema de quem não gosta de política, é que se submete a ser governado por quem gosta muito!”.

Me parece claro que o grande buraco do Brasil é a educação, precisamos lutar dia após dia para que nossos vizinhos, amigos, familiares participem dessa discussão. A consciência do impacto que as decisões políticas tem na qualidade de vida dos brasileiros é fundamental para tomarmos as atitudes que impactem em mudanças. Toda a riqueza que esse país tem é construída pelo suor e trabalho das pessoas. É nosso tempo, nossa vida, nossas oportunidades que estão em jogo. O tempo está passando. Cada dia que nasce é uma oportunidade para sermos melhores, para buscarmos respeito entre governo e sociedade, entre nós, eu e você,  em conjunto com o planeta. Cada um de nós está aqui para fazer sua história, deixar sua contribuição para as próximas gerações, do mundo. O momento pede para avançar e colaborar com uma metamorfose social.

“Eu vou às ruas, para que as gerações futuras não nos enxerguem como covardes.” (Gil Giardelli)



One comment

  1. Alvany Lemos de Oliveira

    A metamorfose social é uma constante na vida das sociedades desde os primórdios da história do ho-mem. Quando as pessoas se sentem agredidas pelo desmando dos que receberam a prerrogativa de governar, para o bem e desenvolvimento de uma Nação e com suas práticas desonestas e criminosas, o POVO, não vendo nenhum resultado de punição severa para esses criminosos e traidores da Pátria, por parte da Justiça, levanta-se e agiganta-se no silencio do lar e em seguida mostra sua força e seu poder como uma poderosa bomba que precisa ser acionada para explodir. Os movimentos sociais estabelecem um hiato de ligação de longo alcance. Isto torna possível esta explosão de indignação que toma conta de todo o nosso PAÍS.

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