Redes Sociais

O meio e não o fim.

(Foto destaque – https://www.flickr.com/photos/mosaaberising/)

É inegável o papel das novas tecnologias e das redes sociais nas manifestações que acontecem no mundo. Porém, muito existe entre o meio e o fim dessa história.

Quando as revoluções da primavera árabe começaram, a primeira atitude dos ditadores foi cortar a internet do país, revelando a importância da ferramenta na organização dos protestos. A ação atrapalhou os manifestantes, mas não resolveu o problema. Por muitas vezes o papel da internet nas manifestações é mal compreendido ou superestimado.

O Facebook e o Twitter foram ferramentas fundamentais para organização das manifestações que derrubaram Hosni Mubarak no Egito, mas um estudo revelou que a principal página do Facebook responsável por incitar os protestos contava com 350 mil pessoas no auge do evento, um número muito pequeno perto do montante de pessoas que participaram da invasão à praça de Tahrir. Além disso, um estudo do volume de tráfego no Twitter durante as manifestações egípcias descobriu que mais de 75% das pessoas que clicaram em links relacionados ao conflito eram de usuários de fora do mundo árabe.

Outro estudo sobre o assunto, realizado pelo Instituto da Paz dos Estados Unidos, que examinou os padrões de uso do Twitter durante a primavera árabe concluiu que as novas mídias não pareceram ter um papel significativo nem na ação coletiva dentro dos países, nem na difusão regional das manifestações. (Fonte, O fim do Poder, NAIM Moisés).

O principal motivo responsável por levar as pessoas as ruas parece realmente ser, a realidade demográfica dos jovens em países como a Tunísia, Egito e Síria, que são pessoas mais instruídas que as gerações anteriores e vivem em situação de desemprego e abandono do poder público. O impulso que gera as manifestações são sociológicos e não tecnológicos.

Não se pode negar o papel fundamental da tecnologia e da internet na organização dos protestos, mas a tecnologia é acessível tanto à população quanto ao governo, que utiliza a rede para oprimir, prender e controlar a população. A internet proporciona às pessoas a divulgação dos fatos sem máscaras, aproxima os que tem a mesma visão, as mesmas necessidades, dessa forma, potencializa as emoções e proporciona a união de forças. É um jogo de poder, no qual a internet serve de meio para as organizações mas nunca foi a finalidade das manifestações.

“As tantas rosas que os poderosos matem nunca conseguirão deter a primavera.” (Che Ghevara)



2 comments

  1. George Miguel

    Gostei do artigo mas a finalização com uma suposta declaração do Che, não me pareceu coerente com o artigo.
    Abs.

  2. Pingback: As redes sociais influenciam as manifestações? | Redes Sociais e Inovação Digital – Blogs A Tribuna

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