Existe uma ideia de que os jovens da geração Millenials, que cresceram com acesso à internet, tem menos interesse por notícias do que sua geração anterior. Que os veículos de “Hard News” vão gradativamente perder força e presença no mercado. Porém essa ideia parece estar bem longe da realidade. Uma pesquisa feita nos Estados Unidos, pelo Media Insight Project, em parceria com o American Press Institute e da Associated Press-NORC Center for Public Affairs Research revela que a geração do milênio (Millenials ou geração Y) acessam notícias de uma forma diferente, porém em maior quantidade do que a geração anterior.
A pesquisa aponta que 69% dos entrevistados acessam notícias todos os dias e 45% dos jovens seguem cinco ou mais noticiários através da internet. A forma de consumo dessa notícia é que muda. Existe uma grande tendência de buscas mais profundas sobre a notícia em sites confiáveis, ou seja, ao receber a notícia nas redes sociais, de modo aleatório, enviada por um amigo, os jovens vão em busca de uma fonte confiável para avaliar a veracidade e a qualidade da informação. Característica comportamental que não existia antes, quando a pessoa lia o jornal ficava com aquela versão de história e ponto final. Hoje, existe um consumo dinâmico da notícia, onde o aprofundamento no assunto, se faz necessário, quando a informação é relevante à pessoa.
A dinâmica da busca pela informação, varia de acordo com o tema da notícia. Para notícias sobre estilo de vida e entretenimento, a principal fonte de informação são as redes sociais (social source). Em esportes os jornais ainda são predominantes (reporting source).
Para “hard News”, ou seja, notícias sobre economia, política, crimes e etc., os jornais (reporting source) ainda são as principais fontes. Em ciência e tecnologia podemos ver que as principais fontes de informações são os especialistas (curated source) que selecionam e organizam conteúdos específicos.
Outro fato, que se discute, é que as redes sociais geram polarização das informações. Por conta das opções de filtros e escolhas de conteúdo que a pessoa quer receber, existe a ideia, de que as pessoas buscarão, apenas, as informações ao qual elas concordem, ocasionando a ausência de outros pontos de vista da situação. O que é chamado de “bolha da informação”. Porém esse ponto de vista, também é questionado pelo estudo, uma vez que segundo a pesquisa, 70% dos entrevistados buscam habitualmente na internet uma mistura (mix) entre pontos de vista iguais e diferentes dos seus, 26% sempre investigam a fundo informações que contenham pontos de vista diferente e 47% investigam às vezes.
O Facebook ainda é a principal rede social para buscar notícias, porém, a maioria dos jovens também utiliza outras plataformas como; o Youtube, Instagram e Reddit. Um ponto revelador da pesquisa mostra que apenas 7% dos entrevistados utilizam o Facebook, quando desejam se aprofundar em um assunto. Na minha opinião, esse aspecto deve ter influência pelo fato da busca na plataforma ser muito limitada e inferior a outras redes.
Geração conectada ao conhecimento prático.
Segundo a pesquisa, aproximadamente 4 em cada 10 jovens (37%) disseram que, da última vez que passaram, um bom tempo, navegando na internet, buscavam informações práticas para sua vida como, conselhos, informações do tipo “como fazer”, pesquisa de produtos ou informação de tópicos para a escola ou trabalho.
Entre os motivos pelos quais os jovens buscam informações, estão em destaque: “Manter-se informado e ser um cidadão melhor”, “acha que o fato de buscar notícias é prazeroso”, “gosta de conversar com a família e com os amigos sobre as notícias”, “sente-se conectado com a comunidade à sua volta”, “utiliza as notícias para manter-se saudável” e “gerenciar seu dinheiro”. Conforme quadro abaixo:
Fica a percepção de que essa pesquisa retrata, além do hábito de ler jornal ou consumir notícia, os jovens hoje fazem parte de uma geração conectada. Mais de 90% possuem aparelhos de smartphones e aprenderam, com o tempo, a utilizar a internet para acelerar o conhecimento, produzir conteúdo, participar de discussões, interagir com grupos, pesquisar sobre os assuntos que os envolvem. É uma geração que possui conhecimento técnico sobre as ferramentas modernas e estão, cada vez mais, aprendendendo a potencializar suas habilidades através das plataformas e a ampliar a abrangência das suas realizações, através das redes sociais. Não só o estilo de consumir notícias mudou, como também a forma de entender o papel da mídia, na vida particular e profissional. Para essa geração, não há diferença entre essas duas visões. A vida é uma só!
Veja a pesquisa completa. (Em inglês)