Manifestações

Podemos todos nós governar?

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A internet possibilitou a criação da maior enciclopédia do mundo, de forma colaborativa e gratuita, feita por pessoas que não se conhecem e que estão em diversas partes do mundo. Esse feito magnífico nos leva a questionar, até onde podemos chegar? Podemos criar um novo modelo de governo?

Poderíamos destruir o modelo atual de governo e construir um novo totalmente voltado para a colaboração e participação dos indivíduos? Desta forma não dependeríamos de partidos ou lobbys, alianças e compra de favores, seríamos uma sociedade que se auto-regula, auto-organiza. Esse é o questionamento do documentário US Now, feito pelos Estados Unidos, que está disponível no Youtube com legendas em português.

Esse documentário retrata de forma profunda os impactos da tecnologia no mundo em que vivemos hoje, recomendo a quem tem interesse pelo tema assistir. Nesse artigo levanto alguns pontos retratados no documentário.

“A revolução não acontece quando a sociedade adota novas ferramentas, acontece quando ela adota novos comportamentos.” (Trecho do filme)

No filme é retratado o novo ambiente midiático no qual todas as pessoas tem rosto, a identidade e reconhecimento não é mais limitada a familiares ou pessoas da vizinhança. Uma viagem pelo mundo físico faz você ver e encontrar pessoas que nunca viu, elas estão ao seu redor e  virtualmente ao seu alcance. Você pode conhecer a história, os gostos e personalidade de uma pessoa em poucos minutos ao encontrar seu perfil  on-line. Cada um tem seu próprio “canal de televisão” particular. Na época onde os veículos de comunicação eram dominados por poucos, aparecer na mídia para o mundo inteiro era impensável.

Os modelos de negócios colaborativos, sejam eles comerciais ou sociais, criam um novo mecanismo de confiança. A moeda que tem muito valor nas redes tem reputação significativa que pode ser individual ou coletiva. Plataformas de colaboração criam mecanismos, sofisticados de avaliação e cruzamento de dados, para qualificar ou desqualificar uma oferta, um perfil ou uma pessoa. Existe também um questionamento sistemático das pessoas comuns a respeito dos valores das empresas. Um exemplo disso, são as redes sociais feita para mães trocarem ideias sobre seus filhos. As participantes dessas redes questionam no vídeo: Posso confiar mais em uma mãe, pessoa comum como eu, ou em uma revista especializada que depende de interesses comerciais para falar sobre como cuidar do meu filho?

Os grupos, através das redes, tem o poder de criar novas plataformas de conhecimento e de trabalho.  Esses grupos são capazes de gerar mudanças. Sejam grupos de tratamento de prevenção e apoio às doenças graves, reuniões para discutir as melhores formas de cuidar da alimentação pessoal, práticas de estudo ou apenas pessoas que se reúnem para construir casas físicas e locais para aqueles que tem necessidades sociais.

“Se um sistema puder conectar e incentivar as pessoas a agir de uma forma positiva, as pessoas farão com prazer. O esforço que você faz para ajudar o próximo é muito pequeno proporcionalmente ao ganho da outra pessoa.” (Trecho do filme).

Se tivéssemos um modelo de gestão governamental, onde as pessoas deixassem de ser apenas passivas e pudessem de forma controlada e inteligente fazer parte das decisões? A ideia do filme considera que as pessoas são, em sua essência, colaborativas. A maioria está disposta a ajudar, a contribuir para o crescimento. O modelo de governo atual não incentiva a participação na política, ao contrário, proporcionam motivação para à política, aos que se interessam por disputa, brigas e jogos de poder. Muitos dos políticos precisam aceitar participarem de negociações ilícitas ou acordos, que não concordam, para obterem  alguma chance significativa nas urnas.

As mudanças da economia colaborativa estão afetando os meios de produção de produtos e serviços, através do crowdsourcing ou crowdfounding. Estão permitindo a interferência e participação da sociedade nessas decisões. O modo como nós inovamos produtos e serviços  passa por mudanças significativas que apontam o início de novos mecanismos para se fazer política.

Com o passar do tempo, veremos as pessoas mais à vontade em participar de situações. O valor social da comunidade será aquele onde as pessoas engajadas terão a mesma importância e direitos de atuação como os que estão sendo pagos para fazer. Não sabemos onde esse comportamento vai chegar mas podemos imaginar que o resultado final será muito profundo e participativo.

“Não ouvis então um vento de revolução que paira no ar, não se sabe de onde vem, nem o que carrega, nem para onde vai …” (Tocqueville)



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