“Senti-me um homem das cavernas visitando o futuro”. Lucas Marques compartilha um pouco do que aprendeu em uma viagem de nove dias que fez a China.
Nas suas considerações gerais observa que a China possui quase 1,4 bilhões de pessoas e é a terceira maior área territorial do mundo. O autor conheceu um pedaço muito pequeno dessa imensidão. Em sua viagem seu propósito foi entender como a China pensa e tentar ver o mundo pelos olhos deles.
Neste artigo, destacarei suas observações sobre os processos e avanços tecnológicos deles.Â
Sua primeira chegada foi na cidade de Shenzhen, muito limpa e arborizada, com sua frota total de ônibus e parte dos carros elétricos, prédios gigantescos com design moderno. O Centro Civil (órgão do governo) é gigante e possui uma arquitetura maravilhosa.
Em coquetel no final do dia com alguns executivos importantes da China, chamou-lhe a atenção a diretora da Ant Financial, dona do ALipay e impressionou-se como eles estão 10 anos na frente de qualquer fintech brasileira.
Na hora do almoço em um restaurante, na praça de alimentação do shopping mais perto, ao não ser atendido e sem cardápio, observou as atitudes da famÃlia que sentou-se ao lado, e aprendeu que era preciso escanear um QR Code na mesa do restaurante, pagar ali mesmo no app e aguardar a comida chegar. Foi nesse momento que se sentiu o homem das cavernas visitando o futuro.
Ainda em Shenzhen, visitou duas grandes empresas, a BYD e Huawei. A primeira é a maior empresa de baterias e veÃculos elétricos do mundo, com 421 mil ônibus elétricos, em operação, só na China. Com 200 mil funcionários, sendo 20 mil engenheiros em Pesquisa e Desenvolvimento. A BYD tem como meta que até o ano de 2021, 100% dos veÃculos públicos serão elétricos, não só os ônibus e sim incluindo carros de bombeiros, polÃcia, caminhões de limpeza doméstica e outros. Atualmente, 30% das baterias de celular do mundo são produzidas por eles que agora iniciaram a produção de trens elétricos 5 % mais baratos que metrôs.
No Brasil a cidade de Indaiatuba já tem 20 caminhões de limpeza elétricos da BYD, modelo escolhido para operarem a noite sem atrapalharem o sono da população.
Na Huawei, empresa mais avançada no mundo em infraestrutura de telecomunicações, e quando se trata de 5G, ela está 10 anos na frente das suas principais concorrentes americanas e europeias, a visita foi mais técnica.
Sabemos que o advindo do 5G, permitirá o surgimento de centenas de negócios como veÃculos autônomos ou alterações médicas à distância que hoje, por conta da alta latência das redes ainda não é viável no mundo.
No 3º dia em visita a um lab de inovação e a uma aceleradora de startups de hardware, deparou-se com a informação de que em 20 anos houve  um grande avanço causado por uma experimentação na forma de governar e que começará a ser aplicada cada vez com mais força no restante da China diminuindo o número de estatais e fortalecendo a iniciativa privada, sendo o governo um condutor desse desenvolvimento.
Considerou Xangai a cidade dos filmes turÃsticos. Você se sente dentro do filme Blade Runner, com prédios gigantes e com muita luz colorida, mensagens e outros detalhes, citou.
Em Xangai também conheceu algumas startups que estão começando. Uma delas especificamente chamou sua atenção. Onde eles criaram uma tecnologia que permite fazer pagamentos ou autorizações a partir do flash dos celulares. É bem mais seguro e rápido que o QR Code. Uma utilidade bacana dessa tecnologia é para sites como Airbnb. Você pode alugar um apartamento e a maçaneta dele irá se abrir com o flash apenas do seu celular e no dia e horário combinado com o anfitrião. Quem já alugou Airbnb, sabe que uma das partes chatas é pegar ou devolver a chave da casa.
Na cidade de Hangzhou, conheceu duas startups, Wedoctor e Alipay. A primeira é uma das maiores startaps da saúde do mundo. Começaram fornecendo um app de agendamento e hoje tem 3200 hospitais, 290 médicos e 200 milhões de usuários.
Desenvolveram o primeiro hospital virtual do mundo, onde um paciente de qualquer lugar da China consegue ser atendido por vÃdeo por excelentes médicos desse centro. A WeDoctor criou aparelhos simples e baratos que podem ficar nas empresas ou em comunidades para fazerem os principais exames em tempo real e enviar os resultados para os médicos virtuais que fazem depois uma ligação de vÃdeo com o paciente. O aparelho consegue realizar exames que englobam 80% das doenças rotineiras que as pessoas costumam ter. Para sanar problemas de interpretação devido a alguma falta de qualificação do médico, criaram um software de Inteligência artificial aonde o médico vai digitando os sintomas dos pacientes, anexando exames e o software vai sugerindo possÃveis doenças que o paciente pode ter. O WeDoctor conta hoje com 8 mil desenvolvedores.
Alipay é o braço financeiro do grupo Alibaba (Aliexpress, Taobao e outros) com novecentos milhões de usuários ativos. Em todos os lugares da China as pessoas usam o Alipay para pagar suas contas, fazer transferências, pagar restaurantes, transportes público, fazer empréstimos, comprar passagens aéreas, requisitar carro, tudo sem precisar sair do app. Obviamente, o Alipav não serve para efetuar ou receber pagamentos.
Em Pequim conheceu a IQIY uma versão do Youtube + Netflix. Com redução de custos de edição + agilidade.
Olhando para paÃses avançados tecnologicamente, podemos conhecer algumas das tendências que devem chegar no Brasil nos próximos anos.
O artigo completo do autor você pode acessar em https://www.linkedin.com/pulse/porque-9-dias-na-china-me-deixaram-apavorado-lucas-marques/