Parece brincadeira, mas é um questionamento sério. É impressionante que no ano 2016 a presidente do Brasil ainda não utilize um sistema de comunicação criptografado e seguro. Mesmo após as revelações de Edward Snowden sobre a espionagem dos EUA nos telefonemas do congresso brasileiro em junho de 2012. Snowden inclusive lembrou o caso em publicação no seu Twitter.
O governo dos Estados Unidos discute os caminhos da criptografia dos novos aplicativos tecnológicos de comunicação e a discussão parece meio longe de uma decisão final.
Uma batalha judicial bastante acirrada está acontecendo entre o Governo do EUA e a Apple por conta de uma investigação onde um suspeito matou 14 pessoas e feriu outras 22 na Califórnia, a questão é que a Apple não quer desbloquear o aparelho do suspeito por considerar quebra do termo de privacidade da empresa.
Em resposta a essa pressão do governo, outras empresas de tecnologia aceleram o aperfeiçoamento dos seus sistemas de criptografia, quase como uma resposta ao governo. As empresas deixam muito claro que vão trabalhar para que seus aplicativos sejam extremamente seguros. O WhatsApp declarou que nas próximas semanas estará concluindo a implementação de um sistema tão fechado, que nem a própria empresa poderá ter acesso as conversas telefônicas realizadas pelo aplicativo. A conversa será totalmente criptografada. “O WhatsApp não pode fornecer informações que não dispõe” diz Jan Koum, fundador do aplicativo. (Fonte Folha de São Paulo)
É uma discussão complexa, uma briga entre PRIVACIDADE x VIGILÂNCIA.
O Governo pega pesado argumentando que a quebra do sigilo das pessoas é importante para salvar vidas, evitar guerras, proteger a sociedade. Se a polícia não tiver acesso a provas contra corruptos, bandidos, terroristas ou assassinos fica mais difícil combatê-los. Sem o controle do governo poderíamos entrar em colapso, proporcionar grande poder para pessoas malígnas.
Por outro lado, a questão da privacidade é fundamental ao ser humano. O perigo de termos uma sociedade totalmente vigiada é real e assustadora. Um governo capaz de controlar tudo e todos também pode se tornar tirano, ditador e levar as pessoas à condições de escravidão e servidão. Os perigos apontados por esse cenário são discutidos amplamente por teóricos como Zygmunt Bauman em seu livro Vigilância Líquida ou Michel Foucalt no livro Vigiar e Punir.
A questão é realmente complicada, mesmo dentro do governo os especialistas em segurança digital precisam de ferramentas poderosas de criptografia para se defenderem de ataques hackers ou crackers, garantir a segurança dos sistemas e comunicações do próprio governo. Uma grande ala do governo Americano acredita que não será possível exigir às empresas o acesso aos dados dos aplicativos.
Por outro lado James Comey, diretor do FBI apelou para que as empresas de tecnologia e o governo encontrem um caminho “comum”, que permita criptografia forte mas atenda às necessidades da Justiça. O presidente Barak Obama reforçou essa tese, declarando que os executivos de tecnologia são “absolutistas” quanto ao assunto e não deveriam ser assim. (Fonte Folha de São Paulo)
Outra questão importante, que me parece esquecida na discussão, é como seria o comportamento dos terroristas e corruptos em relação ao assunto, será que se o governo aplicar regras e limites para sistemas de comunicação criptografados eles vão respeitar?
Qual sua opinião sobre o assunto?