Big Data

Riscos e aplicações do Big Data em uma sociedade conectada.

Em um mundo extremamente competitivo onde empresas enfrentam concorrentes de todas as partes do mundo, onde serviços e produtos são substituídos por outros mais modernos, em questão de poucos meses, o mundo corporativo precisa lutar para sobreviver e crescer. A saída para essa questão passa muito pela inteligência em análise de tendências e do comportamento do consumidor. Esse ambiente onde o volume de dados coletados é imenso, conhecemos hoje como “BIG DATA”.

A importância desse cenário não está ligado apenas ao marketing, mas ao fato da informação em si ter se transformado em produto. Os gurus da tecnologia apontam que “os dados” estão se tornando o petróleo do século XXI devido a sua importância nos negócios em todos os mercados.

Estudos já estão sendo desenvolvidos em cidades pequenas, chamadas de “smart city”, para avaliar as perspectivas de transformações que podem ser geradas através do big data. Essas transformações podem ser aplicadas em dois aspectos fundamentais: (1) A utilização de sensores e redes sem fio conectadas capazes de monitorar em tempo real do fluxo da cidade, para que, através desses dados o governo possa colocar em prática mudanças rápidas. (2) A geração de valor através da economia criativa, do investimento em capital humano, educação e desenvolvimento cultural.

“Whereas the first vision of a smart city focuses on ICT and its use in managing and regulating the city from a largely technocratic and technological perspective, the second encompasses policies related to human capital, education, economic development and governance and how they can be enhanced by ICT. In this scenario, networked infrastructures are enabling technologies, the undergirding platform for innovation and creativity, that facilitates social, environmental, economic, and cultural development”. (Allwinkle and Cruickshank 2011, apud KITCHIN, Rob. 2013).

Nota-se que governos de todo o mundo trabalham em iniciativas que buscam melhorar os serviços aos seus cidadãos, ao mesmo tempo em que reduzem custos, mesmo o G8 está considerando o aberto tráfego de dados (Open Data) como crucial para manutenção e crescimento da sociedade e sua capacidade econômica. A importância da utilização de dados atinge todas as áreas de atuação da sociedade, desde o processo de comunicação humana passando pelo gerenciamento financeiro das corporações (uma vez que aproximadamente 70% das transações financeiras realizadas hoje em dia são através de algoritmos automatizados), até a capacidade de grandes cidades controlarem o balanço entre consumo de energia e produção, passa por esse processo.

Entre os benefícios esperados pelo “Big Data” está a capacidade de proporcionar melhor controle sobre nosso meio ambiente, controlar a saúde das pessoas, detectar rapidamente o surgimento de epidemias, identificar riscos de desastres naturais, enchentes, deslizamentos, descontrole ambiental. Utilizada de maneira eficaz, a tecnologia aplicada a dados, pode trazer grandes oportunidades para nossa sociedade.

Ultimamente existe uma presença massiva de dados coletados por computadores. Essa capacidade de armazenar e processar dados das máquinas é infinitamente maior do que a capacidade humana de avaliar e transformar dados em informações práticas. Com o mundo conectado, pessoas deixam rastros através de dados quando pesquisam na internet, trocam arquivos no Drop Box, telefonam aos seus contatos no Android, marcam um compromisso no Google Agenda, realizam compras através de operadoras de cartão de crédito, fazem “check in” em algum estabelecimento, trocam e-mails, aplicam comandos de voz no Apple Siri, assistem vídeos no Youtube ou filmes no Netflix, jogam games online. Estes são apenas alguns de tantos outros exemplos.

Segundo Dirk Helbing, Big Data nos trás algumas características separadas por 4 critérios:

  • Volume: O tamanho dos arquivos e o volume de tráfego é enorme.
  • Velocidade: A transmissão dos dados está cada vez mais em “Real Time”.
  • Variedade: Os dados são heterogêneos e desestruturados.
  • Veracidade: Os dados são incompletos, não representativos e provavelmente contém erros.

 

Para processamento e análise do “Big Data” estão sendo constantemente desenvolvidas máquinas capazes de coletar, organizar e interpretar dados. O avanço dessa tecnologia nos proporciona diversas oportunidades como já citado, mas também nos aponta um caminho de inúmeros riscos.

RISCOS E AMEAÇAS DO CENÁRIO BIG DATA.

 
Diversos riscos já foram diagnosticados e presenciados, por todos nós, por conta desse mundo interconectado. Crimes cibernéticos, roubos realizados através de plataformas virtuais, roubo de identidade, espionagem, estelionato, falsificação, crimes de diversos tipos cresceram exponencialmente nos últimos tempos possibilitados por esse cenário.

Além do risco de crimes, o surgimento de outros tipos de problemas é resultado desse processo. Segundo Dirk Helbing a efetividade do “Big Data” é muito mais baseada em crenças e achismos do que em certezas ou fatos. Ele cita por exemplo, que através de pesquisas realizadas, não ficou claro a efetividade de uma política de monitoramento em massa através da utilização de câmeras na redução de crimes ou atentados terroristas em relação a outros métodos tradicionais de segurança. Ainda nesse questionamento, Dirk diz que de fato os esforços para calibração e aprimoramento da precisão na análise de dados ainda é muito baixo. Por esse motivo, muitas das decisões baseadas em análise e interpretação de algoritmos da “Big Data” não são necessariamente as corretas, podem conter distorções e erros.

Se as nossas decisões econômicas e políticas forem tomadas estritamente baseadas em dados e projeções feitas por softwares inteligentes estaremos expostos a altos riscos, nós perderemos controle sobre nossa conduta.

Se nos atentarmos à questão da privacidade, existe um volume importante de questões a serem consideradas. Em primeiro lugar, a questão da vigilância assusta as pessoas, principalmente as minorias. Todas as minorias são vulneráveis, mas o sucesso da nossa sociedade depende delas. (Políticos, empreendedores, intelectuais). A gravação de dados de comportamento das pessoas de forma contínua e descontrolada mina as chances de desenvolvimento pessoal e da sociedade. A sociedade precisa de inovação para ajustar e mudar os rumos, essa inovação precisa de experimentação e falhas. Muitas das invenções fundamentais foram descobertas por engano ou acaso. (Porcelana por exemplo é resultado de tentativas de se produzir ouro).

Uma tendência contemporânea das grandes empresas de internet é trabalhar no aprimoramento da capacidade dos algoritmos de entregar mensagens cada vez mais personalizadas para seus usuários, de acordo com seus gostos e desejos, isso nos leva a uma perigosa consequência: nós ficamos presos em uma espécie de “bolha” onde não somos expostos a informações que desafiam nosso pensamento e que expandam a nossa forma de enxergar o mundo. (PARISER, Eli. 2011).

A tecnologia avança muito rápido, os meios capazes de monitoramento das pessoas estão se multiplicando e ficando acessíveis economicamente, em breve teremos a possibilidades de vigiar individualmente as pessoas quase que o tempo todo. Nos Estados Unidos existem hoje, 10 vezes mais pessoas na prisão do que na europa, china e rússia por conta do monitoramento. Porém uma sociedade onde as pessoas não tem o direito de cometer nenhum deslize é comparável a um conto de fadas.

“Neutralizar a privacidade não pode dar certo. Levará a questionamentos do governo por parte dos cidadãos que por sua vez, questionará o governo. Confiança é requisito básico para governança, legitimidade e poder. A expressão “confiança é bom, mas controle é melhor” não está inteiramente correta: controle não pode substituir totalmente a confiança. O funcionamento adequado de uma sociedade depende de um balanço entre as duas coisas” (HELBING, Dirk. 2015.)

A privacidade permite oportunidades para criação, inovação, resoluções de problemas. Proporciona à pessoa, um momento de distração, relaxamento, recuperação de “stress”, prática de atividades culturais e religiosas independentes. Afina o convívio social, familiar.Proporciona harmonia e gera felicidade. O direito de ter momentos “privados” das pessoas é fundamental para a saúde da sociedade.

Sobre “Big Data” é importante considerar que a análise de significado depende do contexto. Existem diversas formas de expressão que podem confundir a avaliação de uma máquina, como por exemplo, uma frase ambígua ou irônica. Assim como nosso cérebro fica confuso, com esse tipo de expressão, a inteligência artificial também ficará fazendo correlações erradas e trazendo prejuízos.

Apesar dos riscos apresentados, as estratégias elaboradas pela inteligência artificial, através de dados, poderão ser utilizadas como uma “opinião”, que deverá ser analisada por pessoas. Um modelo de sociedade “data driven”, ou seja, onde as decisões tomadas são baseadas em análise de dados. Com alguns cuidados, esse modelo, pode apresentar grandes evoluções e parece mesmo ser um caminho sem volta.

“Algumas pessoas acham que foco significa dizer sim para a coisa em que você vai se focar. Mas não é nada disso. Significa dizer não às centenas de outras boas ideias que existem. Você precisa selecionar cuidadosamente.” – Steve Jobs, em 2008, para a revista Fortune.

 



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