Mobilidade

A era dos carros compartilhados.

Há uns 3 ou 4 anos atrás, fui solicitar um empréstimo, na Caixa Econômica Federal, para financiar minha pós-graduação. Ofereceram-me, nessa época, uma taxa de juros de 2,86% ao mês. Lembro que todas as montadoras anunciavam na televisão uma taxa de juros menor que 1% para comprar veículos. Saí do banco pensativo e triste. “Queremos um país cheio de carros nas ruas e pessoas sem oportunidades de estudos”.

As montadoras de veículos impulsionam seus mercados através de “lobby” e incentivos do governo. Empurram carros e mais carros para a população comprar com preços altos disfarçados de grandes oportunidades com facilidades de pagamento e incentivos.

Uma pesquisa da IHS Inc já no final de 2015 previa o fechamento do ano com 40 milhões de veículos vendidos nos Estados Unidos e na China. No mundo todo, a previsão era de 100 milhões.

Esse número absurdo de veículos nas ruas já virou um problema sério para as grandes cidades. Congestionamentos imensos, tomando cada vez mais tempo das pessoas que ficam presas no trânsito, diariamente, causando diversos prejuízos financeiros, sociais e de saúde. Entre desperdício de produtividade, combustível utilizado desnecessariamente, poluição do ar nas cidades, muitos prejuízos advém desse excesso.

Essa situação absurda ainda piora se nos atentarmos para o fato de que nos EUA, a taxa de utilização dos carros é de cerca de 5% para os 95% restantes do tempo em que os carros dos norte americanos ficam parados em casa.

Esse cenário que já está perto de se tornar insustentável pode mudar radicalmente, no futuro, com a chegada dos veículos “self driven”, capazes de dirigir sozinhos. Entraremos então na era dos carros compartilhados.

Uma nova geração de veículos está saindo das fábricas e empresas de tecnologia, os chamados veículos de nível 4 de automação, capazes de buscar a pessoa onde ela estiver, levá-la ao destino e depois ir embora por conta própria. Esse modelo estará apto a substituir o taxi, o Uber e reduzirá drasticamente a indústria automobilística.

Veículos como esses, estarão disponíveis em aplicativos, onde a pessoa ao chamar o carro, determina a finalidade, lazer, viagem, compras, o carro escolhido estará adequado à opção escolhida e chegará abastecido e limpo, ou seja, pronto para as necessidades e uso no período desejado. Isso trará, conforto, praticidade além de uma redução de custos gigante, onde as pessoas podem pagar apenas pelos quilômetros utilizados e não precisarão bancar um carro para ficar na garagem uma grande parte do tempo. Até o eventual uso de carros de luxo, para passar um fim de semana ou evento especial tornar-se-ão possíveis.

Além desses benefícios práticos, os carros autônomos poderão contribuir com a economia de US$ 1,3 trilhão anuais só nos EUA, segundo Ravi Shanker, analista da Morgan Stanley. Mundialmente a economia pode chegar perto de US$5,6 trilhões. (Fonte The Wall Street Jornal).

No Salão do automóvel em Frankfurt, Danny Shapiro apresentou uma placa mãe de computador conhecida como Drive PX, capaz de dar aos carros o Nível 4 de automação, ou seja, a capacidade de operar independente de seres humanos. O carro se torna capaz de “enxergar” tudo a sua volta, através da interpretação de dados sensoriais de tudo que está acontecendo ao seu redor, de forma tridimensional. A placa torna o veículo capaz de de ler sinais de trânsito, placas, faixas de pedestres, separar pedestres de ciclistas e até diferenciar um caminhão de uma ambulância.

“[…] E quando ela notar alguma coisa que não reconhece, ela pode gravar a imagem e transmiti-la ao centro de dados para que ela seja incluída na próxima atualização de software.” O processo, conhecido como “aprendizado profundo” é baseado no cérebro humano. “À medida que você vai adicionando informação ao sistema, ele vai ficando cada vez mais inteligente”, diz Shapiro.” (Fonte The Wall Street Jornal)

nvidia_drive

Essa revolução transformará o cenário sócio econômico e ambiental das cidades, poderá proporcionar maior agilidade competitiva e aumentar o FIB (Felicidade interna bruta) das grandes metrópoles. A posse de carros tradicionais não deverá desaparecer, mas se tornará algo como um hobby, coisa de colecionador, assim como temos dos carros antigos hoje em dia. O volume de vendas dos carros  diminuirá drasticamente, porém, o acesso ao veículo vai aumentar exponencialmente, sendo acessível à pessoas que não tem condições econômicas de comprar um carro, ou até mesmo deficientes e pessoas que não podem dirigir por algum motivo.

“Com a evolução tecnológica, os “escolhidos” de Deus não serão salvos por “Arcas de Noés”, mas sim, por discos voadores.” – Acton Lobo



Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

 

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.