Estamos as vésperas das eleições presidenciais no Brasil. Será bom aproveitarmos essa oportunidade para pensarmos, analisarmos e discutirmos a política que vai mudar nossas vidas daqui para frente. Os resultados das eleições não duram apenas quatro anos, os escolhidos por nós eleitores, durante o exercício da sua gestão, exercem influência que duram uma existência, momentos da nossa vida que não voltarão. Nessa caminhada não existe a possibilidade de volta “na janela do tempo” da vida.
Vale lembrar os momentos que passamos em 2013.
Educação política, interesse na discussão, dar importância para o que é importante, vivemos momentos mágicos em 2013. Saímos de uma inércia de muitos anos no Brasil, o país acordou e foi para as ruas, mostrou sua cara e cantou alto a ideologia interna do país.
Do trecho, “Um governo pouco se lixa para o povo se o povo pouco se lixar para o governo, então as pessoas tem que ficar em cima, descobrir o que o governador, vereador e presidente estão fazendo, isso vai refletir positivamente no resultado”.
Vimos e estamos vendo tudo mudar e um novo discurso nascer, nas transformações provocadas pelas novas estruturas de discussão, os palanques digitais, novos canais de mídia repletos de conhecimentos populares, novos líderes coletivos e anônimos.
Do trecho, “A mudança que ocorreu nas redes sociais realmente foi o que me surprendeu mais, nunca imaginei que iria entrar em um feed de notícias e ver todo mundo discutindo sobre política no Brasil”.
A luta pela política da mídia.
Dos trechos, “Grande parte da intenção de conquista das manifestações é uma responsabilidade social nas mídias, ou seja, uma maior transparência para todos os lados da discussão, uma mudança para a real liberdade de expressão que é a base de toda democracia, isso acontece porque a mídia ficou encurralada, sem opção, se não mostrarem o que está errado, uma agressão da polícia, atos opressores do governo, alguém com uma câmera na mão vai mostrar no Youtube e todos terão acesso instantâneo.”
“A relação do que ocorre no Brasil com os movimentos de Occupy Wall Street, Primavera Árabe, Indignados na Espanha, está sobretudo na pauta das reivindicações. Elas falam sobre uma democracia mais participativa, uma democracia real, a construção de uma política forte de combate a desigualdade social, que passa pela capacidade que o estado tem de fornecer serviços públicos de qualidade.”
Acredito que mereça destaque além dos serviços públicos de qualidade, a transparência na administração e o cuidado com as pessoas. Desde a era medieval, os líderes dos impérios tinham a responsabilidade de cuidar da segurança do povo, da saúde, liderar o progresso e tornar a nação forte para enfrentar os desafios “adversários” do mundo.
Crise de representatividade
A força que impulsiona as manifestações, a indignação, a revolta e a luta é hoje a falta de representatividade do povo dentro do atual governo. Os políticos esqueceram o porquê de terem sido eleitos, não sabem para quem trabalham, à quem devem prestar contas. As pessoas não suportam mais esse modelo de política do poder pelo poder. A crise de representavidade é uma questão global nas manifestações, se direciona contra o modelo polítíco que aí está e, também, contra a mídia. As pessoas duvidam que a mídia é a voz do povo, principalmente nos moldes capitalistas que ela tem se colocado hoje.
O Samba do malandro
Do trecho, “E o que vimos foi o partido que apoiou nossa luta sobre um transporte público de qualidade real em 2011, após ser eleito, já não nos apoiava mais, por isso essa briga partidária não faz mais sentido, não lutamos por um partido ou ideologia de partido, lutamos por um transporte verdadeiramente público”.
Consequências
Do trecho, “O que o Brasil descobriu é a importância dos debates nas redes distribuídas, hoje ninguém tem mais dúvida que as redes sociais e toda conversa que existe dentro da internet, ela tem uma enorme relevância para a condução do país e até para a formação de políticas públicas.”
Trecho do discurso do candidato em que votarei para a presidência:
“Estamos no início da mais dramática mudança na ordem internacional em vários séculos. Ela será irresistível e terá a força de uma infecção. E vai se espalhar para todos os aspectos das nossas vidas. Não acontecerá de uma só vez, mas deverá ser um processo contínuo. Seu rolo compressor vai moer as instituições que pareciam inabaláveis e transferir poderes que pareciam consolidados.
Não sou de direita nem de esquerda. Não há mais direita nem esquerda. Não se poder mais reduzir o mundo a rótulos, castas e crenças. Riquezas são diferenças.
A mudança é tão necessária quanto inevitável. Não podemos rejeitá-la por preguiça, conservadorismo, razões pessoais ou emocionais. Cada um precisa fazer a sua parte. Não adianta culpar o outro, nem sentir pena de si próprio.
Meu objetivo é deixar sua vida melhor, não mais fácil. Minha equipe é composta por engenheiros que não foram trabalhar em bancos de investimentos; Por sociólogos que compreendem que o mundo mudou desde 1968; por empresários empenhados em ganhar competitividade por criatividade e inovação, não por reservas de mercado ou subsídios; Por economistas proibidos a usar, para ganho pessoal, as informações privilegiadas com que trabalharão.
Acreditamos que a redução da pobreza não virá por programa de transferência de renda, como o bolsa família, mas pelo crescimento econômico.”
É uma pena que esse candidato não existe, é ficção, mas você pode conhecer o programa de governo completo dele no artigo fantástico do Luli Radfahrer.
Vejo, infelizmente, que muitos estão seriamente descrentes com o Brasil. Pessoas inteligentes estão saindo do país, por desistirem de aqui ficar e lutar. Até posso entender a descrença, nada é novo, os mais velhos já viram guerras, ditaduras, governos desastrosos, conviveram com insegurança, desemprego e medo. Tudo isso prejudica a fé numa possível mudança mas, o que vimos nas manifestações foi tão intenso, tão real, tão honesto, que vejo nascer uma nova geração de pessoas no mundo inteiro que estão vivendo outras ideologias, vivenciam novas formas de viver, mesmo considerando todas as regras do capitalismo velho que está em atividade e, essas pessoas conectadas, criam uma atmosfera, uma base para um novo meio de viver. Hoje nos encontramos no olho do furacão, veremos sim, no futuro, algo muito diferente do que conhecemos e do que já foi um dia. Nisso eu acredito.