Esteja Pronto – Rafael Gonzalez

Semana passada comemorei meu aniversário enquanto o mundo da literatura, do teatro e da arte fez muita festa. Não pelo meu aniversário e sim porque Willian Shakespeare nasceu em 26 de abril também, só que no ano de 1564.

Se eu pudesse escolher nascer no mesmo dia de alguém importante, talvez eu até escolhesse mesmo o dia de Shakespeare.

Durante a semana me deparei com um texto dele da peça de Hamlet que acho magnífico:

No momento em que o príncipe Hamlet enfrenta seu destino, percebe que o rei inimigo preparou-lhe uma cilada, mas não foge dela. Antes de ir para o duelo no qual terminará por morrer traiçoeiramente Hamlet tem um importante diálogo com seu amigo Horácio:

“Horácio.: Se o teu espírito rejeita alguma coisa, obedece-lhe; eu evitarei que venham para cá, dizendo que não estás disposto.

Hamlet.: De modo algum; nós desafiamos o agouro; há uma providência especial na queda de um pardal. Se tiver que ser agora, não está para vir; se não estiver para vir, será agora; e se não for agora, mesmo assim virá. O estar pronto é tudo: se ninguém conhece aquilo que aqui deixa, que importa deixá-lo um pouco antes? Seja o que for! ”

(Willian Shakespeare)

Existe internamente, em cada um de nós, uma busca pela evolução pessoal, a compreensão de quem somos, em que momento vivemos e o que deixaremos escrito na nossa história.

O Daniel Alves, demostrou ao mundo nessa semana, um estado de espírito muito concreto ao tratar de forma surpreendente uma manifestação de racismo. Quando uma pessoa sofre alguma humilhação, o comum é ficar muito irritado, tomar decisão sem pensar e muitas vezes piorar a situação. Quando jogaram a banana no campo, ao lado dele, sobrou-lhe pouquíssimo tempo para pensar, a reação foi instintiva, ponderada, de alguém que está em paz consigo mesmo, que está em paz com a sua posição perante o mundo, a vida e a sociedade. Alguém que está pronto!

A reação muito rápida do Neymar em apoiar o Daniel de forma criativa, natural e contagiante através das redes sociais, também pode ser considerada um bom exemplo. A forma como enxergamos as situações que nos acometem é o que nos torna felizes ou não.